quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O mar e o penhasco




A postagem de hoje começa há muitos e muitos anos. Quando vi estas recentes fotos do Vinícius me lembrei do texto "A Lenda de Capri". Gosto muito de ler. Até declaro a leitura como o meu pior defeito. Se algo escrito aparecer perto de mim só largo depois de lido. Assim que aprendi a ler fui tomada pela magia das palavras escritas. Conversar não era comigo, mas ler e desenhar eram minha paixão. Ao meu ver, palavras escritas são desenhos repetidos que juntos servem pra expressar uma ideia, situação ou imagem. Nessa época eu tinha uns sete anos de idade, morávamos numa casa simples de madeira, mas ela tinha um terreno grande e uma jabuticabeira maior ainda. Meu pai colocara umas tartarugas (artefatos circulares de cimento que tinham um tipo de pé em sua base)  em volta dela, para que pudéssemos nos sentar e ali eu li meus primeiros livros e fascículos da Bíblia Ilustrada (história que ficará para uma outra postagem). Eu cresci e durante os 2º e 3º anos do Ensino Médio eu lia muito pra fazer os trabalhos de escola e desde lá me acompanha uma história que me encanta e que guardo na memória até hoje, havia um penhasco bem na beira do mar, era enorme e altivo, mas o mar, com o passar dos anos, fora lhe solapando as estruturas. Trata-se de um trecho do livro Arco do Triunfo do escritor Erich Maria Remarque que transcrevo: 

   Lenda de Capri

Era uma vez uma onda que amava um penhasco em algum lugar do mar...
A onda espumava e bramia em torno dele.
Beijava-o noite  e dia, enlaçava-o com seus braços muito brancos.
Gemia, soluçava e implorava para que fosse junto dela.
Adorava-o e aos poucos foi solapando.
Um belo dia, com a base toda escavada, ele cedeu e tombou nos braços dela...
Deixou de ser penhasco para ser solapado, amado e deplorado.
Era agora só um pedaço de rocha submerso no fundo do mar.
A onda ficou decepcionada!
Sentindo-se lograda, saiu à procura de outro penhasco.
...O que é móvel é sempre mais forte do que é fixo.

Por se tratar de texto relacionado com o mar é que as fotos me lembraram dele e de eu ter dito que começa há muitos anos esta postagem. Tenho ainda guardado comigo a folha de papel onde o transcrevi . 
Lindo isto. Me faz meditar. Com certeza ele falava das relações humanas. Diz-se que Remarque, (pseudónimo de Erich Paul Remark (Osnabrück22 de Junho de 1898 — Locarno25 de Setembro de 1970 e alemã). foi um grande escritor e conhecedor das dores por ter lutado na Primeira Guerra Mundial.
Vale duas reflexões: 
Primeira- Esse amor que não faz o outro crescer, com certeza, não é amor. Pode ser tudo o que tem que ser vivido por determinadas pessoas e num determinado momento, pra aprendizagem, pra auto-conhecimento e até pra sensação de vitória, mas não é amor, é apego. Pega-se coisas, objetos. O essencial é invisível aos olhos, o que diremos então sobre não ser tátil? O que importa é mais do que o material.
Segunda- Acho que jamais devemos esquecer das nossas origens e nem devemos negá-las, embora eu brinque dizendo que quando enriquecer irei esquecer de ter sido pobre, kkk
E você, pensa no que ao ler sobre essa lenda?





Fotos de Vinícius Poffo
Bom dia para nós!

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